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segunda-feira, 8 de março de 2010


Um fim para um começo diferente

Um tapete de flores amarelas se forma sobre o asfalto quente da rua. Os carros passam em disparada e as flores pulam como que a fugir dos pneus que as maltratam. A visão é muito bela, o amarelo contrastando com o cinza e os raios e trovões salpicando o céu que parece que vai desabar. Chove forte e a natureza fica mais bela quando o granizo cai lá do alto.  Correr para proteger-se das pedras, dos pingos grossos, do vento que tudo acompanha, é preciso. As pedras se acumulam na sarjeta, nas calçadas, sobre os carros, nos gramados, mas logo param de cair e só a chuva continua a molhar o vulto que passeia para lavar seu corpo e sua alma. As flores acompanham a água que viaja rua abaixo e leva consigo todo tapete cinza amarelado. O céu se modifica e logo a lua aparece e ilumina a escuridão que até então predominava.
Tudo é tão rápido.
Assim como na realidade ou na virtualidade, a natureza não tem mais tempo para viver passo a passo as suas estações, misturamos frios e calores e temperaturas amenas num mesmo sentir e confundimos e somos confundidos até que raios e trovões e tempestades e sonhos e pesadelos nos coloquem de volta aos trilhos.
O trem, sem maquinista, vai em alta velocidade e os passageiros, tranquilos, lêem revistas, jornais e até o último livro de Saramago. As linhas paralelas levam-nos ao infinito ou até onde sejamos barrados ou até que o trem bata e os corpos voem uns sobre os outros e não sobre mais nenhuma página a folhear nestes livros de ficção baseados em fatos reais.
Os livros relatam, o sangue escorre, os corpos exalam e o trem descarrilhado retoma seu caminho ao natural…

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